Fazenda Adriana

 

Histórico

 

     O proprietário, Sr. João Carlos de Andrade Barreto, é empresário na indústria de móveis, mas foi criado em fazenda. Tem hoje a pecuária como sua segunda atividade.

     A fazenda foi adquirida no ano de 2000. Na época, a propriedade contava com alguns poucos animais, que foram vendidos. Em 2002, o Sr. João Carlos Barreto resolveu comprar animais para criar seu próprio rebanho. Para isso foram adquiridas somente bezerras e novilhas.

     Visto a dificuldade em comprar animais com boa genética e garantia de fertilidade e saúde, ele percebeu que a comercialização de animais de boa procedência e sanidade poderia se tornar um bom negócio. Assim, ele colocou em prática na fazenda a mentalidade que já predominava na sua empresa – a satisfação do cliente em primeiro lugar. Dessa maneira, o seu sucesso se tornou uma conseqüência natural..

 

A Fazenda

 

      A propriedade tem hoje 800 animais de diferentes graus de sangue, variando de Gir a Holandês, sendo destes 122 em lactação, 57 vacas secas, 310 novilhas em reprodução, 129 animais de 4 a 12 meses e 73 animais entre 0 e 3 meses. São animais de ótimos padrões raciais, em excelente condição corporal e saúde geral.

      O objetivo da fazenda é ter 150 vacas em lactação. A média de lactação encerrada das vacas atualmente é de 6500 litros. Destaque para o fato de, entre as vacas em lactação, 65 a 70% são animais de primeira cria, o que projeta uma produção à idade adulta maior do que a média de 6500 litros.

      Vale ressaltar que a alta proporção de animais jovens em relação às vacas em lactação é devida à estratégia de comercialização de vacas.

      A produção atual é de 2830 litros de leite por dia, o que dá uma média de 23,2 litros de leite/vaca/dia.

      O sistema de criação dos animais é semi-intensivo, no verão os animais ficam em pastejo rotacionado e no inverno recebem o alimento no cocho, como será discutido no tópico de manejo nutricional.

      A área da fazenda é de 150 hectares, sendo destes 113 destinados à agricultura, que podem ser assim divididos:
• Milho: 32,5 ha
• Cana de açúcar: 17,6 ha
• Sorgo: 13,4 ha
• Tifton: 28,1 ha
• Braquiarão: 21 ha

Alguns animais da recria da fazenda

Área dos silos com o canavial ao fundo

 

   

Manejo do gado

     A fazenda utiliza como ferramenta de manejo o uso de bST (somatotropina bovina) com o intuito de aumentar a persistência de lactação do rebanho e conseqüentemente incremento na produção de leite. É utilizado a partir dos 70 dias pós-parto nas vacas holandesadas desde que estejam com condição corporal acima de 3 numa escala de 1 a 5 (1-magra 5-obesa).

     As vacas girolandas meio sangue que parem obesas começam a receber aplicações de bST a partir de 30 dias pós-parto. Vale ressaltar que esse procedimento não tem suporte cientifico. Diante disso, deve ser utilizado com critério, avaliando principalmente o tipo de dieta utilizada e o manejo nutricional implementado na fazenda. No caso da Fazenda Adriana, dados preliminares têm mostrado um aumento na eficiência de produção de leite dessas vacas (obesas) sem afetar a reprodução das mesmas.

     O sistema de ordenha é mecânico, com contenção dos animais em fila indiana, pois alguns animais necessitam de bezerro ao pé no momento da ordenha. Trata-se de uma ordenha duplo 5 x 10 e são realizadas duas ordenhas diárias.

     A fazenda preocupa-se muito com a sanidade de glândula mamária. Para tal, é feito como rotina análises de células somáticas (CCS) individual de cada vaca do rebanho uma vez ao mês para monitoramento de mastite subclínica no rebanho. A CCS média do tanque nos últimos 3 meses foi de 350.000 cel/ml, e a meta é chegar abaixo de 200.000 cel/ml. Além da análise de CCS, também é feito cultivo bacteriano das vacas com mastite clínica para se traçar o perfil epidemiológico do rebanho em função dos casos clínicos ocorridos. A partir daí, é possível criar estratégias de manejo para reduzir a prevalência de mastite clínica. Além disso, duas vezes por ano faz-se cultivo de 100% do rebanho para triagem de Staphylococcus aureus nas vacas e assim detectar os animais que vão para descarte involuntário. A Fazenda Adriana até hoje, em 2 cultivos de todo o rebanho, teve apenas 1 animal positivo. Vale salientar que animais positivos não são destinados à venda para outros produtores.

     O índice de mastite clínica atual do rebanho está abaixo de 1%, sendo essa a nossa meta.

Novilhas prenhes

 

O Negócio

       A fazenda conta hoje com duas atividades principais: o comércio de animais e a produção de leite. Um ponto que merece destaque é a venda de animais. A fazenda produz animais que vão da raça Gir ao Holandês, passando por todos graus de sangue.

       Assim, o produtor consegue atender às necessidades de vários sistemas de produção e a clientes cada vez mais exigentes. “Cada vez mais o cliente quer garantias do produto que está comprando”- ressalta o proprietário. Por isso, ele prioriza a venda de vacas recém paridas, pois garante ao comprador um animal de inicio de lactação, ou seja, terá seu pico de produção na fazenda do cliente, o que é benéfico ao comprador pois terá um animal com toda uma lactação pela frente. “É uma garantia que o próprio anima dá” - afirma o Sr. João Carlos Barreto. “O cliente de hoje é um potencial comprador de amanhã. Merece ser tratado com transparência e respeito”, conclui.

 

Manejo Reprodutivo

 

      A propriedade utiliza, além da inseminação artificial, as técnicas de transferência de embrião (TE) e fertilização in vitro (FIV). Tem também três touros de repasse das raças Holandês, Girolando e Gir. Assim, ele produz animais com diferentes graus de sangue entre o Gir e o Holandês (ver Fotos).


      A fazenda conta com 8 vacas doadoras de embrião. Após retirados, os embriões são colocados nas receptoras, que atualmente são vacas girolandas da fazenda. Já os animais com melhor genética são inseminados com sêmen de acordo com o que se pretende produzir, gerando crias de melhor potencial genético.

Doadora de embrião da raça girolando

Doadora de embrião da raça holandês

 

Os Cruzamentos – um diferencial da Fazenda Adriana

 

      De acordo com o proprietário, seu maior trunfo ultimamente é o cruzamento genético entre vacas PO holandesas e touro ¾ Gir, originando crias 5/8 holandês- gir, o que segundo o sr. JoãoCarlos permite a criação de um animal rústico, de boa produção de leite e também reprodução, além de permitir em sistemas de ordenha mecânica, uma ordenha sem a presença do bezerro.

      Esse tipo de cruzamento não é usual, já que normalmente quando se visa animais 5/8, é feita a cruza entre machos PO holandeses com fêmeas ¾ de Gir, que são vacas que produzem pouco leite. Assim, ficava praticamente
impossível conciliar a produção de leite com a comercialização de animais 5/8 holandês-gir na Fazenda Adriana

      Já com esse novo cruzamento realizado pela fazenda (fêmeas PO x machos ¾ gir), a produção de leite concomitante com a venda de animais 5/8 se tornou um ótimo negócio, pois as fêmeas são PO holandesas e ótimas produtoras de leite.

      A Fazenda Adriana é a primeira a ter um touro ¾ gir-holandês autorizado pelo Ministério da Agricultura a produzir sêmen para comercialização. Trata-se do touro Listrado das Três Passagens, que já tem filhas nascidas na fazenda. Confira as fotos abaixo:

Touro Listrado das Três Passagens

Filhas 5/8 do touro Listrado das Três Passagens

Filha 5/8 do touro Listrado das Três Passagens

 

Manejo Nutricional

 

      As bezerras são criadas em esquema de casinha recebendo 4 litros de leite por dia e concentrado a vontade, mas é feito controle do que é consumido. São desmamadas com 80 dias, com peso acima de 80 kg.

Sistema de casinha da fazenda

 

      A seguir, são encaminhadas para o piquete pós-casinha, onde recebem dieta de transição (forragem + concentrado de casinha + concentrado de recria) por 30 dias. Após esse período, elas são encaminhadas para os piquetes de primeira fase de recria. Dependendo a época do ano, o manejo se diferencia. No verão, elas são manejadas a pasto e recebem sal mineral à vontade. Aquelas de maior exigência (maior grau de sangue holandês), são encaminhadas para piquete de tifton, já que este tem alto valor nutricional. Já as bezerras de menor exigência (maior componente de sangue Gir) vão para os piquetes de braquiarão. Ambas entram em sistema de pastejo rotacionado, que é definido da seguinte maneira:

      No módulo tifton, composto por 22 piquetes, o lote de novilhas prenhes permanece 1 dia em cada piquete, o qual é repassado pelo lote de vacas secas e vacas de baixa produção de leite (menos de 15 kg/dia).

      No módulo de capim braquiarão, composto por 34 piquetes, ficam as novilhas prenhes com pastejo de 1 dia, e são repassados pelas novilhas aptas, permanecendo no piquete até a altura padrão de saída do mesmo.

      Aqueles animais que estão com condição corporal abaixo do desejado são separados em um piquete e manejados de forma confinada, recebendo silagem de milho e concentrado recria.

      As forragens disponíveis no período seco são silagem de milho planta inteira, silagem de sorgo e cana-de-açúcar com duas variedades, ciclo semi-tardio e tardio.

Corte de cana-de-açúcar realizado pela máquina Menta

 

     A fazenda ainda produz para alimentação do rebanho, tanto animais jovens quanto em lactação, silagem de milho e sorgo grão úmido. Os insumos comprados para a fazenda que complementam as dietas são: polpa cítrica, caroço de algodão, farelo de soja, minerais, premix mineral-vitamínico e tamponantes.

     Basicamente todos os tipos de alimentos utilizados nas dietas têm rotina de, no mínimo a cada 2 meses, ser feito análise bromatológica dos mesmos. Essa análise avalia proteína bruta, carboidrato fibroso (FDN e FDA), extrato etéreo, matéria mineral e carboidrato não-fibroso (CNF), que é calculado pela diferença entre 100 menos os nutrientes relacionados anteriormente.

     Na fazenda se trabalha com três tipos de dieta: alta, média e baixa densidade energética. As dietas em cada grupo são balanceadas em função da média do lote mais um desvio-padrão da produção de leite de cada grupo. Como critérios de decisão da divisão de lotes utiliza-se produção de leite, DEL (dias em lactação), condição corporal e estado reprodutivo de cada vaca.

     Nas vacas em lactação, em qualquer época do ano, são fornecidas dietas completas e balanceadas de acordo com o status fisiológico do momento, buscando o máximo de eficiência no menor custo econômico.

      No entanto, no verão, na categoria de animais jovens, é monitorado se o pastejo está atendendo ao estado fisiológico e, consequentemente, desempenho (ganho de peso diário calculado em gramas por dia). Caso ocorra déficit nutricional, esses animais recebem dieta balanceada no cocho (silagem de milho + concentrado recria).

      Entretanto, no inverno toda a recria e vacas secas recebem dieta completa balanceada (ver tabela), onde se utiliza cana-de-açúcar como forragem única + concentrado recria, buscando sempre o menor custo econômico no desempenho proposto para a fazenda.

      Uma das medidas de manejo adotadas pelo ReHAgro de maior impacto na Fazenda Adriana foi a introdução do grupo pré-parto, com dieta de transição, que é iniciada com os animais 30 dias antes do parto. Foi nítida a melhora da reprodução na fazenda e maiores picos de produção, o que determinou maior produção de leite (em 305 dias) na lactação seguinte. Isso ocorreu em conseqüência de um balanço energético negativo menos agravado, menor risco de retenção de placenta e mastite, e menores riscos de doenças metabólicas (cetose, hipocalcemia, acidose e deslocamento de abomaso). A dieta de transição é balanceada utilizando os mesmos ingredientes que são utilizados no lote de vacas em lactação, porém com níveis de cálcio, potássio e sódio mais baixos, e níveis de zinco e vitamina E mais altos do que o normalmente utilizado nos lotes de lactação. Os outros nutrientes são balanceados para atender a demanda de vacas no pré-parto (tabela).

      Os animais imediatamente após o parto recebem solução de drench (ver fórmula abaixo) via oral e são direcionados para o lote de dieta de alta densidade energéica (tabela). Esses animais, 30 dias após o parto, são avaliados para ver se permanecem nesse grupo ou não, utilizando como critério a produção de leite, condição corporal e histórico de qualquer doença (retenção de placenta, doenças metabólicas, etc).

 

Fórmula soro oral (pós-parto)

• 100 gramas de Sulfato de magnésio
• 100 gramas de Cloreto de potássio.
• 100 gramas de Cloreto de Cálcio.
• 300 ml de Propilenoglicol.

Diluir em 30 litros de água

 

     Toda vaca primípara, imediatamente após o parto, entra no lote de vacas de primeira cria, recebendo a dieta de alta densidade energética das vacas multíparas, porem com consumo regulado (de 80 a 85% da ingestão das vacas adultas). Elas permanecem nesse lote até por volta dos 180 dias de lactação. Vale ressaltar que atualmente na Fazenda Adriana 60 a 70% do rebanho são vacas de primeira cria.

Para os próximos 12 meses, a fazenda tem uma projeção de 149 partos de novilhas. Entretanto, a meta da fazenda e sempre manter algo em torno de 150 vacas no leite, o que irá permitir para os próximos 12 meses um descarte voluntário principalmente de animais jovens, já que o rebanho é jovem.

Animais comendo cana picada no cocho na época da seca

 

A Equipe

 

Além da assistência técnica realizada pela equipe ReHAgro e do veterinário Redinilson Goes, a equipe da fazenda conta hoje com 16 funcionários, assim divididos:
2 tratoristas, 2 funcionários da recria, 3 ordenhadores (sendo 1 deles folguista), 1 sanitarista, 1 casqueador, 1 gerente, 1 responsável pela fábrica de ração, 5 funcionários para cana-de-açúcar.